Fez-se silêncio naquele momento. Apenas um abraço falou em meio as vozes abafadas. Apertos de mãos, beijos, eram movimentos usados para tentar acalmar uma alma que sofria angustiada pela perda de alguém querido.
O que falar?

Não há o que dizer.

Quem sabe algo que você queira escutar?

Não há o que argumentar nessas horas, muito menos o que ouvir.

Todas essas palavras tornam-se repetidas e nenhuma delas conseguem acalmar um coração que está quebrantado. A maioria dessas frases resume-se apenas em um abafado: “sinto muito!”

Mas sente o que?!

Não sei.

Inexplicável e indecifrável são os sentimentos que passam no interior de uma pessoa que sofre pela falta de alguém. Não há uma retórica sequer que diminua a dor da perda. A solidão e o desespero sucumbem toda aquela situação. Nenhum verbete é capaz de preencher a ausência. É uma embriaguez solitária. Um buraco no meio do mundo. A voz emudecida, os braços vazios do abraço.

Observei sua face pálida, imóvel e gélida que se misturava com as expressões doces e suaves de uma pessoa que fora feliz e tinha muita vontade de viver. Porém, agora se encontrava ali, inerte em um caixão. Não havia mais sorrisos, sonhos, gargalhadas, encontros, contos, músicas… tudo estava contigo naquele cubículo frio e mórbido.

As minhas lágrimas de solidão e impotência diante de todo aquele desespero, insistiam em incomodar-me. E pela primeira vez eu não precisava delas, não aquele dia, tudo o que eu mais desejava era que você voltasse.

O que restou foram lembranças e fotografias que se dissolverão no tempo. Desejos envelhecidos. O passeio no parque, os planos, as viagens, as histórias que não terão mais fim, todas contadas pela metade… tudo isso você levou consigo, não deixou nada aqui. Fica apenas a saudade e essa lágrima que escala nos meus olhos e cai pelo chão. E enquanto ela escorre o silêncio grita, chama, clama, mas você não responde…