Deixar-me no esquecimento

Queria deixar-me esquecida
na próxima esquina.
Esquecida apenas
por um instante,
por mera curiosidade,
por uma lembrança
ou por teus olhares.

Esquecida e embriagada de amor
de saudade ou de qualquer outra vontade.

Esquecida em esquinas nostálgicas
e abandonada num céu qualquer
sem pudor de letras amarelas.
Apenas esquecida, repulsada
e jogada em mundos
que não se encontram.

Largada, forjada, repelida,
desacolhida, talvez seria.
Queria deixar-me esquecida
para você, quem sabe,
assinar o verso de minh’alma
sem intenções de qualquer
poema apaixonado.

Queria deixar-me largada,
embriagada sem qualquer razão.
Assim, sem nenhuma conveniência,
deixar-me esquecida feito letra
abandonada no papel de jornal.

Suzana Martins