Victória e seu olhar distante. O mar e suas ondas que ensaiavam tempestades… O mar e Victória. Distintos. Diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.

O vento, que vinha de mãos dadas com a chuva, chegava de mansinho abraçando aqueles pensamentos e histórias mal contadas. Victória observava cada detalhe pincelado em sua janela, porém não conseguia apreciá-los. Seus pensamentos corriam longe da paisagem que por ali era desenhada.

Ela não sentia esses movimentos. Vivia distante. Estava longe. Victória estava ausente de qualquer mudança que o tempo fizesse. Era assim: despida de todas as formalidades emprestadas pelo mundo. Corria de um lado para o outro buscando respostas para os seus devaneios…

Pensamentos vazios e tão cheios de nada. Pensamentos e desejos que só caberiam um alguém e sua resposta.

Dúvidas que brindavam sua confusa rotina.

Uma louca tentativa de querer, e querer mais respostas. Sabia que as tais respostas não modificaria os seus vícios, nem moveria suas perguntas; mas desejava apenas o “sim” do seu querer.

Victória questionava e ao mesmo tempo distanciava-se de todas as respostas, pois tinha medo dos “nãos” existentes em cada uma delas.

Ausentava-se!

Em seu olhar: distância e uma presença silente. Em seus lábios: sorrisos cinzentos no estilo cor de chuva fina. Em seu pensamento: alguns respingos de versos narrando os desejos explícitos de sua alma. Os outros movimentos eram apenas verbos rimados num dia de sol, desejando o calor de um corpo que perambulava em suas entranhas.

Dúvidas, perguntas e respostas. Querer…

Em suma, eram perguntas e sentimentos envoltos nas lembranças que saíam do olhar de Victória e escorriam pelos seus dedos formando palavras, desejos e talvez algumas dores e lágrimas.

Questionava. Duvidava. Desejava. Perguntava. Respondia e queria sempre mais…