Devaneios
Imagem: Google

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O tempo não se limita apenas a ser tempo: ele conserva vestígios de toda a existência, seja ela casual ou providencial. Por mais que o tempo se propague em existências não acumulativas, as memórias estão aí para aumentar, diminuir e explicar momentos que talvez nem precisem de palavras explícitas. Nessas teorias que surgem na ponta do lápis, há um misto de versos confusos que se propagam dentro de mim. Então, me reinvento nas sensações, esquecendo qualquer poema lido numa praça tranquila do interior…

Redescubro-me em meio a reencontros casuais e tão desejados quanto um copo de água gelado numa tarde ensolarada. É quando a poesia do abraço mistura-se ao calor de outono e, nesse amontoado de sorrisos finos e explícitos na tranquilidade do tempo, reinvento as histórias escritas no ponteiro de um relógio antigo. Essa invasão de tempo guarda as lembranças de espaços selecionados em meio do temporal ou, simplesmente, em meio ao calor de todas as emoções de uma amizade que se conversa junto ao vinho.

E não há muito que falar, pois esses encontros ultrapassam o entender, assim como dizia Clarice sobre o entendimento do viver. Essas preciosidades que amanhecem dentro do tempo são um pouco da vida que se perde e que se ganha a cada novo reencontro. Tudo isso é presenteado com o mais perfeito sentido, principalmente quando algumas coisas ficam por dizer no meio de tantas outras frases incompletas.

No entanto, algumas palavras perdem completamente o sentido quando reinventadas nesse universo de cores e sons. Palavras, em suas variáveis, são apenas dizeres sem sentido quando a amizade se comunica por meio dos olhares que fundamentam sorrisos. Vou muito além das palavras hoje. Parece que as letras derramadas estão completamente vazias, mas sei o quanto há de sentir dentro de mim, e isso vai muito além das palavras escritas aqui.

Enfim, deixo anotado aqui um acúmulo de sentir que se perde em meio aos reencontros numa praça da cidadezinha do interior. Um encontro no qual todo o sentimento fala mais alto que qualquer verso de um poema mal feito. Dentro de mim há esse emaranhado de sentires apreciados no olhar, no sorriso e no calor de todas as emoções…

Suzana Martins – 07/2011