Dizem por ai que é verão, porém dentro de mim sempre haverá sensações de outono… No tempo, lá de fora, vejo escorrer tempestades que se aproximam de um inverno chuvoso. Difícil é entender e observar estações quando as letras encontram-se ausentes e os dias diferem-se de qualquer tempo predominante no calendário.

Ao olhar a paisagem pela minha janela, em meio ao caos da rotina, vejo escorrer chuvas de inverno imitando a garoa paulistana em pleno litoral baiano. Desejo que a chuva fique até o final do verão, mas o vento sempre aparece e muda a direção das nuvens.

Peço um chá para esquentar e amenizar a saudade… A fumaça que exala da xícara traz para perto de mim a nostalgia misturado ao aroma das madrugadas, cor de chá silvestre, traçando sorrisos e lembranças das longas conversas em meio a segredos e cumplicidade. Enquanto isso vejo o tempo correr do lado de fora da minha janela. Por isso invento letras que abstraem no papel as rasuras das minhas saudades envoltas nessa confusão de palavras.

Um gole de chá, uma xícara exalando cheios e fumaça, e um rascunho num papel colorido: sempre haverá outono com o aroma e o sabor de chá silvestre, não importa a estação.