Diferente da maçã envenenada… a dor incurável da inveja mata a prazo

Fui intoxicada
pelas tuas palavras ácidas
tive náuseas,
batimentos acelerados
a boca seca
a respiração frágil
o suor frio
o veneno a correr
pelas artérias
e o verbo a ferir a alma
num tom de quase morte.

Fui envenenada
pela estranheza da tua voz
a fala frágil
o toque dilacerante
a dor a rasgar a carne,
o sentimento a romper a derme
a sangrar o ventre
a matar aos poucos
numa tortura sem fim.

Fui intoxicada
pela dureza das tuas faltas
gota a gota
definhando
a boca seca
o nariz a sangrar
a respiração sumindo
a alma rompida
a pele marcada
pela acidez daquele verbo inútil.

Fui consumida
pelo rasgo infinito
da tua letra ferida.
Morri lentamente
esquecida no canto da sala
sem sentir o ar
a exalar pelos pulmões.

Suzana Martins

Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Título do post: Lua Souza (estratosférica)
Participam juntos comigo: Lunna GuedesObdúlio Nunes OrtegaRoseli Pedroso e Mariana Gouveia