Dos comentários que viram post – III

Houve um tempo em que eu sentava a beira mar só para poder ouvir o barulho das ondas. Era um tempo sem tempo, sem relógios ou simplesmente, sem horas marcadas. Ficava ali apenas sentindo a brisa que vinha do oceano e minha derme absorvia os aromas trazidos pelo vento.

Houve um tempo em que eu corria na chuva, saltava possas de lama e ia para casa com o all-star todo sujo e, ao chegar em casa, mamãe estava a minha espera com um chocolate quente delicioso. Ela sempre teve um sorriso lindo e me recebia de braços abertos como se o tempo dela funcionasse somente ao meu lado.

Houve um tempo em que eu passava a tarde inteira lendo um livro bobo, com histórias românticas, mas eram essas leituras que me fazia viajar sem tirar os pés do chão, ou até mesmo, sem me preocupar com as horas que passavam lá fora.

Houve um tempo em que eu nem sabia o que era tempo.

Onde está esse tempo?

– Não sei, estou à procura dele, e, acredito que só o encontrarei quando entender que o tempo sou eu quem faz. Ouça o tempo, escute a brisa que vem do horizonte e o tempo será apenas o tempo que eu quiser…

Imagem: weheartit

Imagem: weheartit

“Por mim, o tempo poderia parar agora, mas eu não sei como se faz isso, não tenho a voz daquele padre anunciando a hora mariana, não sei mais apreciar detalhes, eu apenas finjo que olho, que toco, que engulo. Quero sair da pista de corrida, quero sorver este silêncio que me tomou de súbito.

O pássaro nada sabe de mim. Nem o tempo. Nem ninguém.

Faz calor, faz frio, eu vejo que o homem que passa ao largo de mim está cansado, eu vejo rostos deformados de esforços. As árvores tão altas e alheias balançam-se de acordo com o vento… eu deveria fazer o mesmo”!

[Por Suzana Guimarães]

Post: “AMANHÃ FOI CANCELADO POR FALTA DE INTERESSE” (frase escrita numa caneca)