“A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada.”

(Lya Luft)

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Há milhares de passos desconhecidos entre os caminhos do existir…

A primavera ainda não chegou, mas em meu novo jardim vejo flores desabrochando a cada amanhecer. Os pássaros, com suas asas atrevidas, entram em minha varanda voando de um lado para o outro recepcionando a estação das flores, dos ventos, da composição de missivas e dos doces perfumes. Os beija-flores divertem-se nas asas do vento e nas pétalas de cada flor do campo que desabrocha em cores…

Lá no horizonte, onde o sol se esconde, vejo o inverno respirando suas últimas gotas de frio.

A brisa do sentir possui sopros amenos reconquistando o entardecer que ganha vida em suas cores secundárias. No revoar do tempo, uma aurora boreal imita flores em suas nuvens e não há como deixar passar transparente essa primavera que ecoa nos limites do infinito.

A beleza da estação é perceptível em todos os sentidos estáticos de mim… Pulsa, vibra, encanta, renasce. Há dentro do meu pulsar um turbilhão de sentimentos desabrochando em flores coloridas concretizando o abstrato sentir…

No desabrochar das flores encontro-me rodeada de palavras e tantos outros versos que semeiam flores primaveris. Aos poucos, despeço-me do inverno e aproximo de algumas marés que navegavam solitárias. Volto à antiga embarcação ancorada no cais, volto aos versos solitários e a boemia compartilhada em sorrisos.

Num cais de saudade as ondas do Entre MarÉs encontram versos floridos a beira do mar… Entre e verseie à vontade, seja qual for a estação!


“Mas às vezes sou eu quem volta
a erguer as pontes e cavar o fosso.
e agora em sua torre, ternamente,
sem mágoa se debruça nas varandas
vendo-te ao longe, barco nessas águas,
querendo ainda estar se regressares
– porque seria pena naufragarmos
se poderias ter, sem tantas dores,
viagens e chegadas nos amores meus.”

(Lya Luft)

Sempre há um cais a me esperar…

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