Eu guardo o domingo entre os cheiros de maçã,
os versos no armário,
as conversas na calçada,
o encontro das saudades,
a leitura a beira mar…
Eu guardo domingo brincado de versos,
escrevendo em muros e desenhando
a paixão de um verso que toca no rádio.
Eu guardo o domingo assim:
entre o avesso dos versos
e as conversas de portão.

“Alguns guardam o Domingo indo à Igreja
Eu o guardo ficando em casa
Tendo um Sabiá como cantor
E um Pomar por Santuário.
Alguns guardam o Domingo em vestes brancas
Mas eu só uso minhas Asas
E ao invés do repicar dos sinos na Igreja
Nosso pássaro canta na palmeira.
É Deus que está pregando, pregador admirável
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final
Eu o encontro o tempo todo no quintal.“
(Emily Dickinson)