A previsão anunciava tempo bom para o feriado. Sol, mar, sombra e uma lua cheia que seria um espetáculo a parte naquelas noites estreladas da pequena Caraíva. Mas de repente ao entardecer, o vento virou e algumas gotas de água começaram a molhar a estrada. Chovia, e os relâmpagos cortavam o céu. Os rios e suas águas revoltas mesclavam-se ao mar formando ondas belíssimas e a música ficou por conta das batidas dos trovões.

E nesse meio tempo, alguns desistiram na metade do caminho, outros seguiram achando que seria apenas uma chuva passageira… Eu ignorei qualquer hipótese e segui em frente. A previsão indicava tempo bom, então, por que temer?! Tudo o que eu mais queria era poder acordar ao som dos pássaros, dormir ouvindo o barulho da chuva cair no meu telhado e esquecer de telefonemas, responsabilidades e qualquer outra coisa que me lembrasse que eu havia crescido…

Pode parecer estranho que alguém vai para um litoral perfeito como Caraíva e não se importe nem um pouco com as gotas de chuva. É… eu não me importo, sabe por quê? O mar fica muito mais bonito quando chove. As cores se misturam e cada pintura é como uma pincelada de Tarsila do Amaral ou Frida Kahlo. A poesia que existe em cada detalhe e em cada aroma, é como ler Cecília Meireles ou Emily Dickinson. É uma confusão de versos, prosa, cores e sons, talvez os Beatles, Marisa Monte, Chico Buarque cante ao som das gotas que caem do céu.

A previsão estava certíssima: “tempo bom para o feriado”! Choveu! Mas quem disse que foi ruim? Aproveitei e escrevi alguns versos, ouvi canções, encontrei amigos, comemos chocolate, fizemos a noite do pijama, assistimos filmes, tocamos violão… faltou apenas uma lareira, mas foi tudo muito maravilhoso!…

Poderia ter ficado em casa e ter aproveitado as noites na festeira Porto Seguro. Dizem que o sol brilhou por aquelas bandas e a orla norte estava perfeita… Ouvimos dizer também, que a lua estava belíssima naquele solitário cais. Quanto contraste! Chove ao sul da Costa do Descobrimento e o sol aquece o Norte…

Mas, valeu à pena enfrentar chuvas, trovões, relâmpagos nesse feriado. Deixei de lado as grandes comemorações e fiquei no meio de uma tempestade que nem me atingiu, era apenas natureza.

E na última gota de chuva, antes de vir embora à pequena S. olhou nos meus olhos, sorriu, me abraçou e disse que “nunca uma chuva fez tanto sol!” As previsões estavam certas: “tempo bom para esse feriado!” Valeu a pena deixar a civilização e embarcar nas chuvas da pequena e aconchegante Caraíva!!

E desculpem a falta de métrica nas palavras, mas é porque às vezes eu me permito escrever diários de viagens. Ficaram tantas histórias perdidas, composições esquecidas em notas de chuva e maré cheia. Os versos estão num caderninho verde que veio dentro da bagagem e tudo isso ainda ganhará vida!!!