“A sabedoria com as coisas da vida não consiste, ao que me parece, em saber o que é preciso fazer, mas em saber o que é preciso fazer antes e o que fazer depois.”
(Liev Tolstói)


As pedras da minha rua fui eu que as escolhi. Sou eu quem caminha por elas, sou eu quem tropeça em cada falha de pedra, por isso tenho o direito de escolher cada um paralelepípedo da calçada. Os ecos do caminhar vêm dos meus pés, e diante de tudo isso eu que decido se devem ou não continuar por ali, em suas formas de papel amassado que se encaixam umas nas outras. Se há caminhos, há pedras, então por que não deixá-las ali, diante dos meus passos? – O destino das árvores do meu jardim, eu decido à medida que o céu vai se enfeitando de cores largas e palpáveis como molduras em telas. Essas árvores crescerão na altura que eu parafrasear. As flores, se não forem do campo, eu arranco uma a uma, não deixo nenhum espinho e nenhuma lembrança da poesia que sangrou. Todas essas teorias vão sendo arquitetadas num final de tarde, de um quase inverno, enquanto os meus olhos se dividem entre a poesia das gotas de chuva e as palavras de Tolstói. Num caminhar entre letras, entre tantas confusões, deixo as pedras e esqueço-me dentro do destino de um verso conotativo e mal escrito.

#pensamentos

P.s.: A leitura nos permite cada coisa. Devanear é uma delas…