ecos vazios

A xícara está vazia.
Não há resquícios de nada.
Nem uma gota de chá,
ou até mesmo café.
Vazia. Nada.
Seca. Oca.
Há ecos,
sussurros de sabores,
e lembranças
de todos os aromas.

Não há nada ali.
O que se vê é a secura da louça
cravando a solidão do objeto
numa mesa vazia de letras.

Nada!

Lembranças?
Quem sabe?!
São ecos.
Tilintar de sons pressupostos.
Alguém pode até inventar um conteúdo,
mas é inútil pensar no que há ali.

Vago sabor. Vagas palavras
que sobrepõem as conjecturas do existir.

Vazios.
Nada.
Palavras que divagam
teorias em solidões de ecos.

Nem uma palavra.
Nem uma letra.
Não há nada!
Ecos expostos.
Vazios aromáticos
do querer!

Suzana Martins