[Texto escrito por mim e pela Mari. Leia mais sobre Victória aqui e leia mais sobre Thereza aqui]
Se você perdeu a Parte I, leia aqui!

Victória estava cansada, seus braços doíam, seu corpo pedia terra firme para poder descansar. E quanto mais se aproximava da margem, mais fraca ia ficando, porém ao mesmo tempo sabia que tinha forças o suficiente para poder conhecer quem a esperava do outro lado.

Neste momento soube exatamente como se sentiam aqueles pescadores que tanto observava na praia. A alegria de encontrar alguém em terra firme depois de tanto tempo navegando. Adivinhem? Ele estava lá novamente, inundando os pensamentos delas: o tempo.

O tempo que tanto perturbava os seus pensamentos agora estava aproximando-a de uma pessoa que nunca tinha visto ou encontrado. E foi nesse tempo que ela adquiriu forças para continuar remando. Faltava pouco para chegar às margens, e a cada minuto que passava remava com mais força ainda. Faltava pouco tempo… pouco tempo. E quanto mais próxima das margens, mais Victória gostava da imagem que via. Percebeu que o tempo aproxima as pessoas e o tempo estava lhe aproximando de alguém. Talvez esse alguém tivesse as respostas para suas perguntas.

Pensava isso porque ainda não conhecia Thereza. Thereza era uma mulher cheia de certezas incertas. Fica difícil pensar em alguém tão cheia de perguntas quanto Thereza era. A canoa se aproximava e Thereza já havia elaborado umas quinhentas perguntas. “Quem era aquela? De onde viera? Porque viera? Quanto tempo demorava? Porque justo ali?”.

Victória chegou a margem. Elas se olharam. Cumprimentaram-se com um sorriso e ficaram olhando uma para outra. Nada romântico. Tudo intrigante.

Thereza levantou-se e estendeu a mão para aquela que os braços estavam trêmulos de tanto esforço.

Oi…
– Oi. Tudo bem?
Uhum…[pensativa] Você é…?
– Victória!
Thereza…
– Atravessei o mar…
Estou aqui desde cedo.
– Precisava de um tempo…
Eu só penso no tempo.
– Você parece cansada.
[risos] Você é quem parece!!
– [risos] Estou sim. Porque pensava no tempo?
Eu penso em tudo, o tempo todo!
– Tempo, tempo, tempo… essa palavra é que me preocupa e me intriga tanto. Não há respostas para as minhas inquietudes. Nunca vejo respostas óbvias, apenas teorias… O que é tempo? Por que existe o tempo? Quanto tempo? Preciso de um tempo… Às vezes essas expressões não fazem sentindo.

Elas caíram na risada. Sentiram-se íntimas. Como amigas de longa data. Thereza adorava palavras intimistas. Victória queria férias. Ficaram ali por horas pensando. Hora quietas, hora falantes. Sim, expressões e (des) encontros as vezes não fazem sentido!