A menina que tem asas não voa mais. Somente por agora. Não que ela tenha encerrado seus passos no céu, mas sim, porque ela descansa o voo sem pressa de nuvens. Hoje ela é flor de lóctus presa ao chão por raízes que a desencantaram. O voo nunca fora um sonho distante e o vento será sempre um simples passo no compasso do existir. Era ele que balançava suas asas. A menina que tem asas, agora aprende a ser flor num ninho primaveril que recebeu as suas pétalas suavemente. Pouco a pouco as asas se desfazem e ganham folhas de vendavais no meio do outono. Mas ela, a menina de asas, guarda sempre consigo pequenos aromas que com o vento brincam de ser asas. Mesmo sendo flor, ela nunca deixará de voar.