Epifanias – cap. 24
Por Lunna Guedes
A leitura teria continuado em meio a empolgação exibida por Alexandra que devorava aquelas páginas uma a uma, numa pressa necessária se não tivesse sido interrompida por Anne que não estava satisfeita com aquela nova situação.
_ Vamos embora Alexandra. Eu não quero passar a noite aqui…
_ Agora não dá Anne. Eu preciso terminar de ler esse manuscrito. Depois. Está bem?
_ Você pode ler ele em casa. Não precisa ser aqui nesse quarto, nesse apartamento. E você não me disse que a sua amiga tinha voltado…
_ Agora não Anne. Eu estou na melhor parte. A Giulia acaba de conhecer o grande amor da vida dela.
_ Quem é Giulia?
_ A personagem da história que eu estou lendo. Olha, tudo bem se você quiser ir, mas eu vou ficar. A Rayssa voltou hoje e a gente nem conversou ainda. Eu quero saber absolutamente tudo sobre a viagem dela, mas só depois que eu terminar aqui. Me dá licença?
_ Como é que é?
_ Sem drama, por favor. Eu só quero terminar de ler essa história. Está bem?
Anne saiu do quarto, contrariada. Se antes estava zangada, agora estava irritada. Ela achava impressionante como Alexandra ficava diferente quando Rayssa estava por perto. Em seu intimo, ela simplesmente desejava que aquela menina desaparecesse pra sempre da face da terra. Pensamentos incomuns surgiam em sua mente e o sorriso sentia a ausência de lucidez em suas veias. Ela imaginava um corpo estendido no chão, coberto de sangue, sem vida. Seria difícil para Alexandra, mas seria passageiro. Ela iria superar. Tudo muito simples em sua mente, mas tão complicado na vida real. Era impossível matar alguém sem ser descoberto e além do mais, embora sua mente tornasse possível, sua pele não parecia capaz de um ato tão vil. Mas que havia alguma satisfação naquele delírio noturno, de fato havia.
Seus pensamentos foram espantados para longe graças ao som da campainha que revelou vozes animadas: eram os pais de Rayssa com meia dúzia de sacolas e uma animação pouco comum. Anne já sabia de antemão que não iria gostar daquelas pessoas que pareciam felizes demais para serem de verdade. Ela viu quando o Bruno tirou a filha do chão, abraçando-a, beijando-a com uma alegria pouco comum aos olhos dela. O sorriso daquela mulher alta, cheia de curvas perfeitas demais, cabelos longos e uma pele lisa, feito pêssego era um exagero. O abraço coletivo era uma desfaçatez e todos aqueles movimentos exagerados. Aquela euforia tão pouco natural. Nem precisavam ser apresentados. Dava para perceber que aquela garota mimada, prepotente e arrogante era filha delas. Mas Anne se fez perceber, ficando ali naquele cenário com os braços cruzados a frente do corpo e seu ar de superioridade tradicional que parecia dizer “eu sou a artista plástica Anne Letrech”.
_ Me deixa apresentar vocês: Anne Letrech, esses são os meus pais Bruno e Mariana Mendelson…
Mariana gentilmente corrigiu seu nome para “simplesmente Mari” rapidamente ao estender sua mão a fim de cumprimentá-la, mas mesmo disfarçando, ela não conseguiu evitar deixar transparecer a falta de empatia para com aquela mulher que tinha uma expressão desagradável. Bruno foi quem quebrou o gelo atraindo todos para a cozinha. Era um momento família. Uma massa seria preparada e cada qual teria suas funções. Lavar e cortar os tomates, cebolas, alho, salsinha. Pegar a panela e colocar a água para ferver.
Abrir a garrafa de vinho e servir a todos que estavam presentes. Preparar a mesa e claro, escolher a música perfeita porque nada poderia ser feito sem um som delicioso ecoando pela atmosfera.
E ali em seu canto, Anne assistia aqueles movimentos desordenados dos quais se recusava a participar. Tudo aquilo era muito desconfortável. Aquela família não parecia de verdade. Não pareciam reais. Quem conseguia ser tão feliz assim? – indagava-se ela.
Alexandra terminou sua leitura minutos antes do jantar estar pronto. Seus olhos estavam nublados, mas o sorriso era de primavera. Ela queria escrever sobre a história, mas o cheiro que vinha da cozinha seqüestrou sua atenção. E para desencanto total de Anne ela se juntou aqueles carinhos intrépidos: abraços, beijos, palavras carinhosos, troca de afeto. “quanta falsidade” – pensava ela que se sentou a mesa e ouviu Bruno propor um brinde.
Rayssa exaltou-se. Deu um grito de alegria, bateu palmas e se jogou nos braços da amiga, abraçando-a fortemente. Disse “parabéns” bem baixinho apenas para que ela pudesse ouvir e ficaram ali aninhadas naquele abraço que recebeu outros braços e outras palavras amigas que foram atentamente observadas por Anne que não conseguia compreender como aquelas pessoas conseguiam despertar daquela forma: tão alegres e felizes como se não houvesse dores, tristezas ou agonias no mundo.
_ Isso sem dúvida alguma merece um brinde…
_ A essa hora da manhã? – comentou Anne de forma a se fazer notar, afinal, ninguém ali havia reparado na sua presença, nem mesmo Alexandra que havia contado uma novidade para todos, menos para ela. Seus pensamentos novamente desenhavam cadáveres. E novamente ela se ressentia. E novamente ela e Alexandra brigariam e tudo seguiria seu ritmo habitual: flores, cartões, presentes… Desculpas eram renovadas, mas a cada novo dia a aceitação diminuía. Mas isso Anne Letrech não percebia…
Lily
O deus brincalhão escolhe o dia que menos se espera, aquele em que você displicentemente o desgusta, sem muito querer, sem muito ver. O deus brincalhão escolhe o mais comum dos dias, e quem ele escolhe geralmente está passando tranquilamente pela rua e nem imagina a próxima cena, mas ela acontece.
Beijos,
Suzana/LILY
Rosane Marega
intrigante…empolgante…cativador Beijossss
Alex
Cheguei. E já estou muito brava com a Lu. Gente, é uma novela dentro da outra. huahuahuahuahuahuahua. Imagina a cena: eu querendo ler o que a minha xará estava lendo. Assim não dá.
Mas voltando ao chão. Adorei a cara de idiota da Anne, agora cá entre nós, oh figurinha sem graça essa. Peloamor. Ninguém merece essa de achar que "não existe família feliz assim". Eu heim.
E até quando a Alex vai ficar aturando esses pedidos de desculpas? Gente, alguém dá um choque nessa criaturinha. Rayssaaaaaaaaaaaaa, please.
Tchau Suzana
Suzana Martins
hahahahahahahahaha…..
Essa Alex, (Sim, a que comentou ai em cima), é uma figura… hahahahahaha…
"Voltando ao chão" foi óoooteeemo… Já imaginei a cara da Anne no chão, sem ninguém nem sequer sonhar que ela é a "artista plástica Anne Letrech" – pelamor, né Anne?! Quem quer saber quem é você??
Um reencontro lindo, a família toda feliz, a Alex envolta na leitura, e a Anne existindo só pra que a Alex fique perturbada em seus pensamentos… Affff….. #euodeoaanne
Liiiiiiiiiiiiindo reencontro… Mas, ô Aleex (a personagem), vc não vê que a Anne não tem nada, mais nada a ver com vc… Acorda minha filha!! Olha a diferença, a Anne está embaçando a paisagem!!!!!
……………….
Lu, muito obrigada pela força ontem, viu?!!! Preciso, esse final de semana, sentar com você para conversarmos, estou com saudades…
Desculpa e muito obrigada, viu?!!
Beijos
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Cadê os outros noveleiros????
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Ainn!
Dia 14, eu passo aqui outra vez!
beijinho***
Helena
Bom dia meninas, não vejo a hora de ler o último capítulo. Estou tão curiosa pra saber o que vai acontecer com esse relacionamento complicado. Será que vai ser tudo resolvido apenas no último capítulo? Estou com vontade de voltar e ler tudo novamente.
Essa família da Rayssa é muito agradável. Lembra um pouco a minha: sempre unida aos domingos quando todos tem tempo. É muito gostoso apreciar essas coisas. Dá um sabor todo especial para o nosso dia a dia.
Mas falando da Alex, eu acho que ela realmente fica diferente quando a Rayssa esta por perto. Não sei precisar o quão diferente. Mas que ela muda, ela muda. beijinhos menina
RosaMaria
Falta muito pro dia 14/02?
rsrs
Saudades Su!
Beijos!
Rô
Oie…espero que esteja bem minha criança.
em falta com você não é???
Su minha linda, cada vez que venho amo mais esse cantinho seu, com seus textos, com os textos convidados…e agora volto dia 14 para ler mais, claro. Sempre aprendendo com você e seus amigos convidados, que tão bem escrevem e nos fazem viajar ao mundo das letras.
Su minha criança, a voinha anda mal das pernas(ou da cabecinha mesmo), meus filhos homens me preocupam muito e sinto por demais a falta deles, dia desses sento e te mando um e-mail contando tudo por que estou passando. Preocupada e muito com a Du também e gostaria tanto de poder ajudá-la.
Mas tenho saudades e queria que tudo fosse como antes. Mas tudo vai dar certo e voltar ao normal eu confio em Deus e só nele eu espero.
Beijos meus minha criança amada e muitooooo linda.
Que Deus te abençoe, volto dia 14 para continuar a ler essa linda e encantadora novela!
Tatiana Kielberman
Lunna, querida…
Chegando à parte final dessa linda epifania!
Estonteante!
Beijos!!
Menina no Sotão
Boa tarde carissimos…
Então, os passos nos levam ao fim e esses dias tem me deixado a deriva com esses capítulos. Há um momento em que os personagens simplesmente querem muito da gente e você precisa se entregar por inteiro.
O fim já se desenhou por aqui e agora, mais que nunca, preciso do silêncio.
Grazie por todos os comentários, os olhares, o carinho, o espaço e as ilusões divididas. bacio
Clara
Grandes emoções na reta final!
Um beijo, Lunna e Su!