Victória olhava intensamente aquele telefone em sua escrivaninha. Esperava ansiosa por uma ligação que era meio incerta, mas resolveu acreditar naquele momento que parecia ser diferente, mágico e especial em sua vida. O seu coração batia agoniado e acelerava a cada minuto que as horas iam passando… Começou a dividir o seu olhar com aquele telefone e com os seus afazeres, mas nada… O seu telefone aquele dia resolveu fazer greve, pois não tocava nem para receber uma ligação errada.

Por que a droga desse telefone não quer tocar? Por quê? Será que é por aquele motivo? Você não está podendo falar agora, é isso?

As dúvidas pairavam em sua mente, surgiram várias hipóteses para acreditar, mas ela fora racional e concluiu que a sua espera seria em vão. Simplesmente imaginou que o outro alguém não queria ou não podia lhe ouvir naquele momento.
Victória então começou a ouvir a voz do silêncio que estava completamente assustadora, aquela voz lhe trazia inquietude e um momento que não conseguia traduzir. A solidão a sufocava, sua vida passava por uma tremenda construção e os seus pensamentos se confundiam…

Nunca havia ficado tão aflita esperando a ligação de um alguém que nem conhecia direito, um alguém que havia trocados juras de amor. Para ela parecia não ter muito significado, nunca havia amado alguém de verdade, sempre gostou de sua liberdade, gostava de viver intensamente, não tinha medo de ser feliz. Mas ao mesmo tempo ela estava mexida por aquele momento de carência.

Era toda aquela metamorfose cheia de fios que congestionava a sua linha telefônica. Queria poder parar um pouco colocar seus pensamentos em ordem, ouvir o telefone tocar e ver onde aquela história toda iria parar. Victória estava ansiosa esperando apenas ouvir uma doce voz do outro dizer: “Amor, olhe o mar pense em mim e venha para cá!” Ela precisava apenas disso… Começou a delirar em seus pensamentos confusos sem saber o que estava sentindo. Não sabia se era carência ou amor, procura esquecer a voz do silêncio e tentava ouvir apenas quem estava deixando-a naquela ansiedade…

De repente o telefone toca atrapalhando todos os seus pensamentos e viagens. Atende anciosa esperando ser o som que perpetuava os seus pensamentos… Mas do outro lado da linda uma voz familiar e amiga dizia:

Gata, vamos sair?! Hoje tem festa!

Victória não pensou duas vezes, deixou tudo o que estava fazendo e foi em busca do que mais gostava de fazer: foi se divertir. Naquele momento sentiu-se viva e curtiu cada minuto até o amanhecer.

(Su 25/07/08)