Então as luzes se apagaram, e eu fiquei aguardando o início do espetáculo. Naquele momento a minha imaginação começou a flutuar e procurar pessoas que dariam vida às grandes histórias que eram contadas, lidas e escritas. Apareciam reis, rainhas, homens, mulheres, crianças. Era o cenário mais bonito que eu já vira.

Mas por um momento me senti num mundo de interrogações. Aquelas personagens não conseguiam se entender, todas falavam ao mesmo tempo. Era como se não estivem estudado o roteiro. E em meio aquele caos, as frases gritavam tentando montar os seus diálogos, mas parecia cada vez mais difícil e incontrolável. A cena seria perfeita se não fosse toda essa balbúrdia, esse tal mistério desorganizado.

E quando percebi, eu estava ali, naquele palco, mas não havia plateia nem protagonistas. Não havia mais ninguém. Eu estava só! Fechava os olhos na esperança de encontrar uma porta aberta que me levasse de volta para aquele cenário, mas o silêncio escandaloso me prendia naquele lugar que me deixava cada vez mais confusa e solitária.

Então, desisti de entender tudo aquilo. Abri meus olhos e me vi fugindo daquele escarcéu. Desci as escadas com aquela cara de assustada e um figurino incompleto. Abandonei as minhas fantasias e ilusões. Fechei a porta do meu mundo e deixei embalar pela canção dos meus momentos. A inquietação estava nas minhas palavras sem saber o que escrever. Tinha as ideias, mas não conseguia uni-las.