Esporte e poesia
11 jogadores no gramado e 39 mil nas arquibancadas
Por Suzana Martins
O Engenhão estava lotado. O público de 39 mil torcedores, divido entre flamenguistas e atleticanos, enfeitou as arquibancadas não apenas com bandeiras e camisetas, mas trouxeram raça e estilo. Os rubro-negros comportaram-se como o décimo segundo jogador do técnico Dorival Junior, e pareciam que todos estavam em campo. Fazia tempo que o Flamengo não enchia os estádios nos jogos do Brasileirão, entretanto, esse feito aconteceu ontem (26/09).
A torcida antecipava-se a cada falta sofrida, a cada erro e, comemorava a cada lance perfeito. Foi bonito ver o estádio lotado com todos os torcedores vibrando, gritando, apitando. Torcendo do jeito Flamengo de ser: irritante. Confesso, os apitos foram desnecessários, atrapalharam alguns lances, porém, foi bonito ver cada um dos torcedores incentivando os jogadores ao gol. Fazia tempo que o Flamengo não torcia assim; já fazia algumas rodadas que torcida e jogadores não se entendiam.
Foi um jogo duro, com marcações pesadas. O reencontro do Gaúcho com o Flamengo, depois de tantos altos e baixos, foi meio apagado para o R49. Admito: ele joga muito, mas dessa vez nossos marcadores fizeram a diferença. Ronaldinho foi cercado e anulado, sem chance de giro e de gols. Cáceres, que dividiu com Amaral a fatia maior da responsabilidade de conter Ronaldinho, deixou o Engenhão satisfeito com o desempenho da dupla.
Os recém-contratados Cléber Santana e Wellington Silva, que têm se destacado a cada partida, contribuíram com passes perfeitos e algumas roubadas de bola. Era isso que nós torcedores queríamos ver: passes, roubadas de bola, gols, raça. Gol espremido, que só um craque como o Love é capaz de fazer; ou o belo encaixe do Liedson, após um passe espetacular do Wellington Silva. Podia ser até chutão de fora da área, como o do Cléber Santana, não teve gol, mas ele tentou. Ou até mesmo a bola esbarrando no travessão. Pois, o que nós queremos é a vitória, é ver jogo bonito, jogo jogado com raça, com o coração na ponta da chuteira. Todos nós queremos o futebol inventado, e principalmente, o orgulho estampado no peito por vestir o manto sagrado do Flamengo.
Ontem, jogadores e torcida fizeram as pazes, entraram em campo com toda a raça que o Flamenguista tem. O jogo contou com todos os 39 mil corações pulsando no Engenhão e 11 jogadores no gramado. O sangue rubro-negro corria pelas veias, de todos, e chegava ao coração fazendo gol. O grito na garganta era de felicidade, era o contentamento por fazer parte dessa nação que não tem medo de jogar, de errar, acertar e fazer gol.
A 14ª rodada do Brasileirão para o Flamengo não foi apenas um bom resultado, mas um encontro com a torcida, e, uma maneira de mostrar que futebol flamenguista se joga com garra, com força, com a alma. Foi um bom resultado, porém precisamos melhorar. O próprio Dorival admitiu que “Foi a primeira vez que jogamos de maneira convincente”. Espero continuarmos nesse ritmo, estamos acertando aos poucos. Melhoramos com a torcida, agora faltam alguns ajustes de dentro do campo.
Todo o time, a começar pelo técnico, está de parabéns, mostrou dinâmica de grupo e que o time funciona quando realmente quer. Domingo tem clássico, é dia de FLA X FLU. Precisamos desse mesmo grupo: torcedores e jogadores empenhados a fazer gol e jogar com a raça rubro-negra de ser.
Enfim, é como disse o Nelson Rodrigues uma vez: “Há de chegar um dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”.
P.s.: Sou apaixonada por esporte, por poesias, por palavras e pelo meu time. Por isso, essas palavras foram derramadas aqui!