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Ela desviou o olhar, mas na realidade não sabia para onde estava olhando. Apenas absorvia a paisagem entre os passos apressados de todos que por ali caminhavam… Era o tempo e suas inconstâncias, e as horas estavam mal contadas por relógio e pés apressados que circulam pelas ruas.

Victória estava sempre agarrada àquelas horas e dúvidas mal contadas. Olhava as pessoas na esperança de contar ou absorver o tempo.

Ela desviava o olhar, apenas isso… Buscava algo muito além dos seus olhos e de suas emoções. Olhares atentos em busca de descobrir os destinos dos passos daqueles que por ali passavam. Ela, sempre desviando o olhar a procura do tempo, ou de entendê-lo.

Victória não aprendeu, ela ainda questionava sobre o tempo e suas estranhas formas de dirigir-se a ele. Estranho esse tempo que bússolas não são contadas, muito menos as horas são marcadas… Ela encontrava-se ali no meio do tempo, no estranho tempo daqueles que correm e marcam apenas a metade das horas.

Victória gostava das metades. Tudo isso porque o meio nem sempre significava a metade das coisas. Era metade sol, metade lua. Metade versos, metade rua. Ela era a metade dos seus desejos completos, a metade do tempo passado. Meio relógio atrasado.

Ela, que era metade, queria as horas inteiras.. Estranha ironia. Não era possível já que os ponteiros não desfilavam para ela… Era tempo perdido, ausente, passado, gasto. Aproveitado ou não, não podia ser recuperado. Então, Victória preferiu ficar com as suas metades: desviou novamente o olhar, vasculhou os próprios passos e se equilibrou entre os ponteiros. Uma hora dessas tudo seria inteiro, até mesmo ela…