Esses dias reencontrei, aliás, vi uma amiga dos tempos de colégio. Naquela época, nós costumávamos andar sempre juntas, embora ela não fosse a minha amiga mais próxima.Mas nesse dia em que eu a vi, não houve proximidade alguma. Pelo contrário, eu não tive sequer vontade de falar com ela. Estávamos ambas atravessando a faixa de pedestres, mas em sentidos contrários. Logo, ela vinha ao meu encontro. Como chovia, eu usava um guarda-chuva; ela, não. Foi então que entre as duas avenidas, o sinal fechou e ficamos as duas paradas no canteiro central à espera do sinalzinho verde para nós. Naquele momento, me surpreendi comigo mesmo, pois abaixei o guarda-chuva de modo que ela não pudesse ver. O sinal abriu e cada uma seguiu seu caminho, seguiu o ritmo da vida. É, há muito tempo nossos caminhos já não coincidem mais.
Foi estranho ver alguém que um dia esteve sempre comigo, e não ter vontade nem de cumprimentá-la. Talvez eu não estivesse com vontade de ouvir aquele “Amiga” burocrático, ou aquele “Quanto tempo!” automático, tampouco aquele “Vamos combinar alguma coisa” dito no falso calor das falsas emoções.
Algumas amizades conseguem resistir ao longo tempo e às grandes distâncias, mas creio que essa não seja a regra, mas sim a exceção. Para mim, amizades são como plantinhas que precisam ser regadas para viver. Uma palavra carinhosa; um gesto de afeição; um souvenir de uma viagem, representando que eu estive longe, mas lá lembrei de você; um telefonema sem motivo; um email em horário de trabalho; uma mensagem só para dizer um “oi”. São pequenos gestos que fazem grandes diferenças, fazem um amigo sentir-se querido, único e especial. Amigos são cativados, para depois serem cultivados.
Nos idos daqueles tempos de escola, éramos seis meninas que andavam sempre juntas. Dessas seis, tenho, hoje, contato constante com apenas duas. São essas que me cultivam e me cativam a cada dia, e a quem eu me orgulho de chamar de “Amigas”.
P.S: Minha casa está quase pronta. Prometo convidá-los para a inauguração.