Hoje é Dia de Cecília!!!
“Liberdade, essa palavraque o sonho humano alimentaque não há ninguém que expliquee ninguém que não entenda…”(Romanceiro da Inconfidência)
E ela mesma contou um pouco de si:
“Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno. (…) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade. (…) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.”
“Aqui está minha vida.Esta areia tão clara com desenhos de andardedicados ao vento.Aqui está minha voz,esta concha vazia, sombra de somcurtindo seu próprio lamentoAqui está minha dor,este coral quebrado,sobrevivendo ao seu patético momento.Aqui está minha herança,este mar solitárioque de um lado era amor e,de outro, esquecimento.”
“Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço,— não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.“
Cecília também queria ser duas, queria poder está em todos os lugares ao mesmo tempo:
“É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!“(Ou Isto ou Aquilo)
E além de poesia, Cecília era música, alegria, solidão, alegria, amor, sonhos e toda mistura de sentimentos que uma pessoa de alma poética pode ter e ser.
“Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.”
“Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus, sem tentação de volta.
Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza:
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
já de horizontes libertada, mas sozinha.
Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho ?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.
Pelos mundos do vento em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:
Agora és livre, se ainda recordas.”
*Parabéns a Leonor pela iniciativa dessa Blogagem Coletiva, que eu me envolvi completamente, e desculpa se acabei falando/escrevendo demais e quebrando a regrinha da blogagem.
Su
Obrigada Oscar Luis,
com certeza essa blogagem encantou a todos, resgatou vários poemas que estavam guardados e trouxe muita saudade de Cecília!!
Foi contagiante demais!!
Obrigada vc por aparecer e volte sempre tbm!!!
Beijoos
Leonor Cordeiro
Querida Su,
Demorei um pouquinho para chegar aqui em sua casa pois estava passando por todos os endereços para uma visita muito especial – me deliciar com as postagens dedicadas inteirinhas para nossa amada Cecília.
Percebi que você abriu essa conversa encantadora com o lindo verso:
“Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda…”
Você foi extremamente feliz com essa escolha inicial, ela misteriosamente conduziu essa postagem. Acho que você foi levada por esse espírito de liberdade e livremente escreveu sobre Cecília dirigida ou submetida apenas a uma palavrinha : O AMOR !
Linda postagem !
Linda postagem !
Quando você falou sobre Cecília, falou com o coração.
Muitíssimo obrigada por esse presente.
Aceite o meu agradecimento e afeto.
Com carinho,
Leonor Cordeiro
Dilberto
Você falou com a alma, tal como Cecília fazia sempre, e presenteou a todos com uma blogagem perfeita e completa! Parabéns! Também participo desta blogagem coletiva e foi muito prazeroso ler tudo que está aqui sobre nossa oetisa-Mor! Grande abraço!
Su
Dilberto,
fico muito feliz com a comparação!
Eu sou fã incondicional de Cecília e para mim é mais que prazero ser comparada a essa grande e sensacional poetisa!
Obrigada pela visita, sinta-se a vontade em voltar mais no meu cantinho!
Beijoos