E pela milésima vez me esqueço nas cadeiras desse café, e assisto todas as intenções humanas que passam e repassam sob os meus olhos. Na ponta das minhas canetas vou criando personagens e trilhas sonoras de um filme real, onde as ruas são linhas tênues de histórias que escrevi pela metade e os fragmentos que ficaram por dizer, inventaram fins inteiros. É viciante sentar aqui e me esquecer nas páginas de um caderno de anotações, nos olhares humanos que se reinventam e nos sabores e aromas que as cenas preparam pra mim. Esqueço-me até das notas de rodapé… A ilusão das palavras é que sussurra em mim gritos imperceptíveis que rotina alguma é capaz de alcançar. Sento-me aqui e esqueço até de mim e das minhas obsessões por voar.

Num final de tarde, esqueço-me, e construo novas e doces ilusões.