Estava frio. O vento gelado que soprava, trazia recordações inventadas que se perderam no inverno.Sentada no banco do jardim, criava memórias e recordava de todos os lugares que não visitou. Em seus pensamentos, conheceu o pôr-do-sol de Viena que numa tarde fria de inverno trazia-lhe aromas e sonoridades. E os belos jardins de Paris?! Ah… Esses são eternos!

De longe, avistava aqueles candeeiros nas ruas que acendiam e apagavam conforme a sua vontade e recriava emoções e palavras que segundo ela, se assemelhavam as gotículas de neve que via da sua janela.

Ela sempre diz a quem passa por ali que ainda reconhece o som dos passos daqueles que caminhavam pelos jardins da bela Paris, um a um como o som de uma sonata. E se hoje, o bater das chuvas nas vidraças não é mais gelado, amanhã jurará a pés juntos que são flocos de neve e que muitas flores resistiram ao frio das memórias inventadas e confusas.Sentada no banco do jardim ela recorda-se  de tempos que apenas existem em si. Enquanto este dia durar as suas memórias é fugaz. As suas narrações inventadas ninguém quer ouvir, nem mesmo o inverno quer compactuar  com a sua  loucura.

Sentada nesse mesmo banco de jardim onde inventa memórias de tempos idos, ela cria sentimentos correspondidos e é feliz. Certamente orquídeas e  violinos compõem doces lembranças…

*By, Diário das Estações