Lama nas ruas

Rasguei o céu
atravessei a rua
molhada
cheia de lama
no cerne da vida
entre o bem e o mal.

Inundei a cidade
apaguei o sol
provoquei tempestades
a pulsar
no âmago das dores.
Que importa?

Veja a minha queixa
provocada por aquele samba
que ouvi abandonada na rua.
Deixa!

As notas ainda pulsam
solitárias
na pausa
na ausência
e no tempo…

Queixas!

O céu deserto
a irradiar as minhas dores
induzindo meus passos
para o abismo de mim.
que importa?

Deixa a chuva cair
inundar tempestades
desaguar a paz do sol
que importa?
os meus abandonos
acesos
imersos
intensos
a guiar a cidade vazia.

Suzana Martins


Série: um poema, um samba
Poema inspirado no samba “lama nas ruas”.
Título do post: Lama nas ruas – Zeca Pagodinho
Imagem: pexels.com