Sabe aquele livro que você se apaixona pela capa? Aquele livro que você vê na estante de uma livraria pedindo para ser levado embora?

– Então, aconteceu isso comigo quando vi o livro “A menina que não sabia ler” do autor John Harding (tradução de Elvira Serapicos). Fiquei curiosa com o título e queria entender o que essa história iria trazer para mim.

Ambientado na nova Inglaterra do século XIX, o livro narra o mundo fantástico da pequena Florence. Uma menina, em segredo, aprende a ler, na cozinha da casa do tio, com um dos seus empregados e depois disso começa a devorar livros e contar sua própria história.

A personagem da trama, Florence, precisa usar toda sua inteligência para proteger o irmão mais novo, Giles, e preservar seu mundo secreto em uma mistura de ficção com realidade. Vivendo em uma escura mansão, sob o olhar de uma preceptora, ali nada é o que parece e a pequena Florence é guardada como um brinquedo, então ela passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia Florence encontra a biblioteca proibida da mansão e passa a devorar os livros em segredo e inventando esconderijos…

Porém, existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados.

“Então lá ficamos naquela tarde, no quarto de estudos, eu numa ponta e a srta. Taylor na outra com Giles, ensinando verbos franceses a ele, todos os quais, é claro, eu já conhecia, embora silenciasse tanto naquela quanto na minha língua nativa, sem querer fazer nada que pudesse estragar uma coisa boa. Aberto no meu colo eu tinha o primeiro volume de ‘A mulher de branco’, de Wilkie Collins. Na mesinha junto ao meu cotovelo estava meu bordado, uma capa de almofada que seria  como a de Penélope, isto é, nunca acabada, mas sempre lá para me ajudar em minha jornada para ler todos os livros da biblioteca. Com que facilidade a mente se torna egoísta! Com que facilidade deixamos de lado a perspectiva de um futuro desastre pelo prazer do presente! Fiz-me de avestruz  por causa dos livros. Coloquei a vida do meu irmão em risco pelo meu próprio prazer culpado, admito isso agora.

Estava na metade do segundo capítulo do livro quando bateram à porta. Fechei o livro e o cobri com o bordado assim que a porta se abriu e a sra. Grouse entrou. Ela me viu primeiro e um sorriso iluminou seu rosto como um fósforo numa fogueira.”

Pág. 111 – A menina que não sabia ler

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Eu indico, recomendo para todas as idades!

Excelente leitura e um ótimo domingo!