Nunca aprendi a escrever retrospectivas. Sei apenas relembrar pretéritos em conversas regadas a café, chá, cerveja ou outros sorrisos... Nesses instantes tão intimistas o reviver histórias são emoções contadas muito além da palavra escrita.
Minhas Marés
Morri hoje / na metade da palavra / na conjugação imperfeita / no meio do sentir inócuo / arrancado e mim.
Deixo-me ser levada /pelos ponteiros acústicos /a revestir de nostalgia /e a explodir na imensidão /geométrica do meu existir.
Meu ser efêmero/ caule/ fruto/broto /árvore /copa frondosa /folhas alçadas ao vento /flor a espalhar pólen /e a prolongar a minha existência.
O coração esmagado na caixa torácica / reinicia o pulsar monótono / hemofílico / e todo desconsolo da dor amarga.
Hoje o dia estava azul, a cor da quietude, como gostavas de dizer. Tudo me fez pensar de ti. Cada detalhe de sol. Cada perfilar de nuvens... e até mesmo o aroma de orvalho ao amanhecer.