Não há pressa na contemplação dos espaços. Na calmaria do ar, ouço ecoar o silêncio que escorre na metade de cá do universo. Um céu negro. Traços de planetas a cintilar pela via láctea. Sombras a bordar a paisagem. E pequenas gotas de tempo a ultrapassar a órbita das coisas.
Minhas Marés
Tenho vários rituais que abraçam os meus dias. Desde os palpáveis, aqueles podem ser fotografados e registrados, até aqueles abstratos cujas as lentes não alcançam. Alguns ficam no movimento do corpo, na amplitude do olhar e na expressão do dia a dia.
Morri hoje / em teus braços / no tempo oculto / da tua derme / a enroscar / o arrepio / da minha vontade.
O dia / a correr em diálogos / a ferir o tempo caótico / incerto, / calado / fechado / marcado / pelas minhas letras / tatuadas no papel.
Amei a solidão / abandonada na areia, / esquecida no deserto / e repelida pelo céu. / Amei a dor / no exílio de / minhas profundezas.
Sangra. /rasga a derme /sufoca os poros /fere a alma. /Sangra. /artéria exposta / matéria morta / sentimento pungente / abalado pelo existir.