Missivas de setembro – o amanhã
As horas estão escritas num futuro impossível
São Bernardo do Campo, manhã de domingo a respirar garoa e nuances de quase primavera
Querida Roseli,
Hoje o domingo despertou tipicamente paulistano.
Lá fora o dia tece ventos gelados, paisagens naturais a mesclar com o concreto e o verde a saltar o cinza. Tem uma garoa que vem e vai sem se preocupar com os ponteiros ou suas infinitudes. Aprendi a gostar e a contemplar a beleza dessas nuances acinzentadas que perambulam o amanhecer.
O domingo que se desenha por aqui dispensa o café e pede notas de chá. A chaleira acabou de avisar que água está pronta. Preparo uma perfumada e saborosa infusão de hortelã – antes de começar a te escrever colhi algumas folhas no quintal. Gosto de pensar que este sabor combina com o perfume de quase-primavera que chegará daqui a alguns amanhãs.
As flores começam a desabrochar e a enfeitar o jardim. Sinais da estação que anuncia a diferença dos tempos. Os botões são adereços de toda beleza que está por vir. Não sei o que o amanhã nos reserva. Muitas vezes também não sei nada do hoje… apenas deixo os ponteiros fluir os seus vendavais em letras e no pulsar imenso que habita aqui.
Em meus cadernos crio algumas filosofias de asas e ideias do que pode ser o futuro e todas as suas possibilidades incertas. As horas duvidosas abafam os meus pensamentos sobre o que é ter e ser o depois. A esperança é o que permeia o sonho das palavras rasuradas na minha viagem sobre o que será do amanhã.
A pele do futuro é uma flor a despertar o novo em suas entrelinhas.
Ah Roseli, as flores que enfeitam o quintal trazem o perfume do amanhã e do seu fuso horário repleto de primavera. Não sei ainda qual é a tua estação preferida, mas deixo para o teu domingo a certeza do desabrochar e de toda a garoa esvaindo no horizonte.
O amanhã chegará em verso. Universo. O futuro é um poema azul a ecoar na multidão. É canção ou nuvens a abraçar a imensidão.
Que as tuas horas futuras sejam perfumadas.
Abraços,
Suzana
Este texto faz parte das missivas de setembro. Estão comigo:
Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Roseli Pedroso
Roseli
Que prazer receber sua missiva, Su!! A poesia retratada em suas palavras acariciaram minha alma. Minha estação preferida, já foi o inverno. Hoje, não mais. Prefiro a delicadeza da primavera com seu renascer e cores. De qualquer maneira, todas as estações trazem belezas próprias que eu admiro e respeito. Adorei sua escolha do chá de hortelã. Senti seu perfume daqui. Gratidão por suas palavras e espero um dia te abraçar e trocar ideias mil.
Suzana Martins
Ah Roseli querida!!
Que alegria saber que gostou da missiva!
obrigada pela troca e pelas tuas ideias a abraçar as minhas letras!! <3