Negações

Não quero as palavras cantadas nem os versos que fizestes no meu aniversário. Não quero músicas. Nem quero que me conquistes com a minha canção preferida. Tu não sabes cantá-la de cor. O seu sentir difere do meu. Não vai adiantar rimar os versos, nem tocá-los com o seu violão afinado.

Não me conquistes com o meu perfume preferido. Não me olhe despindo as minhas vontades. Não reze os meus desejos aguçados pedindo-os para ti. Não fale em aromas se em ti não tem a fragrância que eu procuro. Não me leve flores perfumadas…

Não me conquistes com as suas emoções tão frágeis, nem me escreva cartas tão vazias. Não me conquistes com a tua cobiça, nem com o excesso de tuas vontades. Não me seduza com o adocicado toque de tuas mãos, nem com o teu beijo aveludado. A minha necessidade é maior do que tudo isso.

Eu sou um risco, uma desvantagem em versos, uma nota fora da pausa. Sou o sabor mais amargo de um café e o obstáculo no meio do caminho. Não sou simples. Eu sou um desafio diário, sou veneno sem antídoto conhecido. Eu deixo as cartas na mesa, rasgo os versos e não deixo margem para subterfúgios…

Por isso imploro não me conquistes. Não me ofereça mais os versos. Eu não caminho na mesma direção. E, no final, és tu quem irá decidir se queres ou não seguir pelo mesmo caminho que o meu.

Imagem: tumblr

Suzana Martins – fevereiro/14