Sinto o cheiro da chuva nas manhãs
em que o mar e o sol me acordam.
Num pequeno vilarejo
o verão ainda anuncia suas tempestades
bordando nuvens na linha do horizonte.
Enquanto isso, eu leio os avisos de Outono
deixados na soleira da porta, junto com ao jornal,
trazido pelas gaivotas que caminham pelo céu.
No café da manhã: o aroma do chá
e algumas gotas de água,
outros respingos de ondas
e um murmúrio de chuva
caindo no telhado,
teimando em dizer
que é tempo de renascer…
Meus braços, então, alongam-se no vazio
no infinito de um horizonte mar e céu,
imitando as gaivotas e levantando vôo
numa chuva que molha sem lavar
escorrendo em asas e palavras
o desejo de viver, de voar…