o vazio a extinguir o ser
Partida ao meio
rasgada, frágil
esquecida entre
a letra e o papel
absorvo todos os ecos
daquele amontoado
de pequenos pedaços
que evaporam da derme
e do vazio
que absorve
o meu inócuo ser.
Quebrada, em ruínas
fracionada
em retalhos
abandonada entre
o verbo e o pronome
perco-me nas fissuras
do meu existir
no deserto
de todas as emoções
meu frágil ser
aspira o cheiro
salgado que esvai de mim.
Indefesa,
desamparada,
abandonada,
esquecida
exposta entre
a palavra e o vazio
encontro-me na ponta
do poema salgado
na memória
nostálgica do tempo
no cerne da carne
que atravessa
o avesso da pele em chamas
a queimar o meu
frágil existir.
Suzana Martins
Mariana Gouveia
Eu adoro tudo aqui1