Sorrindo, entre olhares, eu sigo
ora com os olhos brilhando
ora com os pés em lamaçais de desejos.
Mas sigo em direções opostas e transpostas
e vamos nos descobrimos entre aqueles outros
que inventam olhares sobre nós…

Eu: menina, mulher, olhos e boca
você: apenas você,
em seus olhares provocantes
e desejos ensaiados.

Enquanto isso há tantos outros,
tantos olhares
que procuram respostas em nós,
sem encontrar, ao menos, perguntas.

Nossos olhares seguem fixos,
direcionados…
Nossos olhos unidos,
na mesma direção,
seguindo apenas o eu,
o você, o nós:
Um caminho que inventamos
a partir do nosso olhar.

Despojei os mistérios enquanto bebia sua pele,
enquanto saboreava o seu corpo
e enquanto brincava com o seu olhar…

Seus olhos aflitos
que algumas vezes refletiam medo
também desejavam por um querer,
um esperar ansioso…

Loucos olhares,
loucos desejos
Palavras silenciosas,
olhares que dizem tudo
letras que não descrevem nada.
Apenas o olhar e o sentir
e algumas palavras escritas
nos muros dos olhos
de quem sente e segue caminhando
pela vontade repetitiva dos versos
dedilhados no corpo, no olhar.

Olhos pedintes a implorar que lhe entenda.
Olhos que suplicam o toque, o beijo.
Olhos distantes, olhos apaixonados, apaixonantes…

Na distância, a água dos meus olhos,
escorre em sua face
lambendo a sua pele agridoce
em lágrimas de saudade
da lembrança do seu olhar…
Lágrimas de desejo,
Lágrimas misturadas em lágrimas
que um dia jorraram em sorrisos e vontades.

Longe de ti sigo enroscada em meu mundo
com a minha boca sedenta,
às vezes fria, às vezes quente…
Sigo com sede: sede de vida,
Caminho com fome: fome de ti.

Estou com o coração em estilhaços
Sem saber que rumo tomar…
Te imaginei desenhando olhares
esperando por um tempo
ou pelas entrelinhas do poema.
Não tenho olhos de pedra,
Nem frieza no meu olhar…
Tenho apenas olhares, diversos olhares!

Tento conhecer almas…
Viver momentos,
apreciar detalhes da vida.
Tento apenas ser um olhar atento
nesse cantinho do mundo.

Então agora vou-me
despida de alma
nua de mim,
sob seu olhar…
Vou-me com essa paz infinita…
Introspectiva…
através de meus versos,
com as minhas carências.

E nesse momento,
voarei como uma águia
em céu aberto
pairando e atingindo o mais alto dos Alpes…
Pincharei nos muros os meus olhos
e onde eu estiver
ficarei a lhe observar, no silêncio dos meus dias
aguardando o encontro da minha outra metade
e o encontro do nosso olhar…

*reedição