Agosto sempre foi um mês inerte em minhas estações. Nunca esperei por ele ou pelas nuances desenhadas naquela folha do calendário. A página virou. Talvez agora eu termine aquelas poesias inacabadas que deixei acumular em tantos agostos esquecidos.
Do lado de fora /
o meu eu visível /
manifesto /
transparente /
aparente
sanguíneo /
pulsante /
ardente /
desfeito em mil pedaços /
do que um dia eu fui.
O olhar espia cores, linhas e desenhos que iniciam diálogos silenciosos a transformar o verso em poesia. Gosto de pôr reparo no horizonte e nas miudezas que brotam diante da paisagem.
A poesia de Suzana Martins em (in)versos é fôlego curto… escrita silenciosa que vai ecoando pelos cantos do corpo e se espalhando pelo espaço, feito neblina a cobrir casas-prédios: “o que um dia eu fui ficou naquela paisagem árida do sertão de minha existência” e vai se precipitando por caminhos que se oferecem a nós, como um mapa onde se precisa marcar territórios conquistados “o mundo lá fora explode no arrepio profundo do ser.
Um livro para ler de uma vez só e deixar cada palavra acariciar o mais nobre e doce dos sentimentos.
A escrita da Mariana Gouveia é leve, aromática e envolvente. Colcha de Retalhos é o afeto que pulsa em palavras ao contar uma história doce e poeticamente bem desenhada.