Nunca duvidei do poder reconfortante das palavras, mas também nunca imaginei que elas pudessem ser tão eloqüentes quanto o toque suave das mãos. Que pudessem traduzir a emoção de beijos e abraços num pequeno léxico amoroso que encanta e seduz.
Foi real. É real. As palavras são reais e através delas eu sinto uma mão tocar docemente meu rosto, tal qual a brisa tímida em um entardecer. É como um sonho em que é difícil distinguir realidade de “ficção”, tamanha é a intensidade que se interpõe aos obstáculos grandes e dolorosos, para enfim, experimentar a plenitude de momentos intensos e doces, embora aí haja um certo paradoxo: não se explica magia.
Magia das palavras, impossível de se entender. Capazes de guiar viagens do céu ao inferno em poucos minutos, por uma simples “colocação” equivocada.
Palavras, palavras, palavras…
Acrescida de um olhar, uma palavra é um paraíso. Há de ser um paraíso! É através dessa junção de letras que tudo ocorre, que emoções jorram, talvez em lágrimas, talvez em sorrisos incontidos, mas sempre haverá uma reação no alguém que ouve uma palavra sincera, ainda que essa reação seja a indiferença. E então, há de se duvidar da sinceridade da palavra ou da atenção de quem a recebe.
A palavra, assim como o pensamento, se permite ser o que quiser, se traveste em milhares de fantasias e leva a imaginação longe, em terras remotas ou não tão remotas assim. Em palavras e pensamentos há a fusão quase total do ser, é quando as almas se encontram e o toque é quase real.
O toque é mágico e o quase também. Ninguém nunca esteve tão perto de tudo quanto ele.
 
[03.11.2006]