Escrevo poesias que são contos,
contos que não tem pontos,
pontos que não rimam,
rimas que têm mistérios,
mistérios que são meus.

Sou o mar aberto, poesia fechada,
livro com palavras desconexas,
detalhe na areia escrito ao sol.

Sou onda que brilha na lua
lua que enfeita o mar,
mar que tem chão de estrelas,
estrelas que têm fases,
fases que são frases.

Sou barco que flutua no oceano,
oceano que pinta o vento,
vento que derrama a tinta,
tinta que molham os pés,
pés que escrevem palavras,
palavras esquecidas na areia.

Já escrevi frases soltas e concretas,
textos que serão lidos e alguns outros
que nunca passarão de rascunhos inacabados
e pensamentos sem grandes fórmulas.

Alguns outros escritos existem apenas em mim
e nos meus pensamentos felizes, tristes,
nostálgicos, pervertidos.

Existem poesias que são apenas ilusões…

Mas outras realmente precisam ser ditas,
escritas, mesmo que ninguém as entendam…

Algumas palavras sobreviverão no mundo,
terão vida, forma e cores.
Vão espalhar alegria ou saudade por ai…
Mas outras ficarão esquecidas
no velho diário deixado na areia
misturando-se ao vento
e espalhando o cheiro do mar.