Em sua escrivaninha um chá de lembranças misturado aos papéis amarelados pelo tempo… Naquelas pautas transcorriam letras de fôrma sem forma, apenas frases inacabadas e outros versos que agora pareciam não fazer sentido.

Os sentimentos de Victória estavam inertes, presos aos versos clichês e as palavras repetidas que saltavam daquelas folhas amareladas bem diante dos seus olhos. Frases que um dia alguém escrevera com o coração em mãos… Palavras que rasgavam os papéis e a derme daquela de sentimentos soltos.

Ela se perdeu em pensamentos, derramou lágrimas no meio do caminho, se afogou em letras e desbravou seu próprio mundo em busca de algo para sentir. Nem as imagens fotografadas em sua mente são suficientes quando as suas lembranças misturam-se a paisagem pretérita.

Victória e suas sensações… Sensações presentes no hoje e no ontem, mas sempre brincando de sonhar. Às vezes ela diz que o futuro é como brincar com as letras pintadas em grafite num guardanapo de papel… Victória sempre deixando lacunas e dúvidas sobre suas brincadeiras de presente e futuro… Acontece que as lacunas deixadas por ela, é um pouco da nostalgia que a abraça em dias quentes saboreando um chá gelado.

São os sentimentos que voltam e brincam com as suas lembranças… São as palavras que não foram escritas por inteiro, e ela sabe que ainda há uma metade sua perdida em algum lugar… Pequenas lembranças em papéis de cartas mergulhados num mar de ilusões.

Mudanças de tempo. Ela gosta dessas mudanças…

Victória é assim, contente, tranquila e um pouco lá, ali e aqui. Lá no futuro, onde só os seus sonhos a alcança. Ali no passado, aonde não se chega mais e se agarra nas lembranças, nas palavras perdidas… E aqui, aqui no presente, onde suas memórias são nostálgicas e os sabores são quentes ou frios, como seus chás!