Eu não penso mais em versos
escrevo apenas a ausência de rimas.
Eu não leio mais poemas
apenas absorvo a repetição das linhas.

Cansei de poemas de amor,
desisti de falar de saudade,
coloquei um ponto final
nessa tal história de paixão e felicidade…

Há muito mais versos tortos em mim
do que o avesso do meu eu.
Há muito mais lágrimas em meu rosto, 
do que esse sorriso fingido
estampado nos meus lábios.

O que eu respiro são lágrimas de quem não aprendeu a amar…
O que eu escrevo são palavras soltas pelo ar.
Vazio de minh’alma que escapa entre os dedos
narrando encontros que não vão além dos olhos e papel.

Nunca mais me peça nada,
principalmente prosas que necessitam de sua companhia.

E nesse intervalo de rimas
os versos terminam na metade de um livro,
onde a poesia desbota-se com o tempo.

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(Suzana Martins – setembro/2010)