Segunda-feira e livros

“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: ‘Navegar é preciso, viver não é preciso’.

Quero pra mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar da minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.”

[Fernando Pessoa]

Segunda-feira é dia de recomeçar, de resolver coisas, de separar um tempo para divertir, de caminhar na pressa das horas, de parar numa livraria e descansar. Segunda-feira é dia de sorrir, de entender a poesia, de caminhar no shopping, de sair de mãos dadas com o sentimento e de descobri novos horizontes. Segunda-feira é segunda-feira, odiada por muito e adorada por mim. Para mim, as segundas-feiras são dias maravilhosos! É dia de viver e navegar… segunda-feira!!

E ontem, uma segunda-feira de correria, entre uma caminhada e outra, uma pausa na livraria e dois abraços deliciosos: Fernando Pessoa Poesias e Cecília de Bolso. Não há presente mais gostoso que esses numa segunda-feira.

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!”

(Fernando Pessoa, em Mar de português)

O outro respiro para a alma veio do ‘bolso’ de Cecília, uma deliciosa antalogia poética dessa que “têm uma aura de toada, fazendo qualquer distraído memorizar as linhas numa primeira leitura’. Acredito que nunca vi ou li uma descrição tão bela e verdadeira sobre Cecília Meireles e suas obras como a do Fabrício Carpinejar na apresentação desse livro. Todas as palavras escritas são sensíveis e verdadeiras, eu não conseguiria descrever tal escritora…

“Cecília nunca foi taxativa, dogmática; explora o espaço das perguntas, numa atmosfera de consolidado despojamento. Ela não leciona; é lição. Não pede compaixão, não esbarra no coitadismo, na supervalorização do lirismo como suporte de um masoquismo refinado.

Ela entender mais que sofre.

Explora uma nobreza da infinitudade, de exercer intensamente suas tarefas enquanto pode desfrutá-las. O poeta é menos importante que a poesia. O canto é mais importante que a ave. O poema não a envaidece, há a sabedoria do limite: uma lúcida transitoriedade de merecer, pouco a pouco, a mudez e o fim”.

[Fabrício Carpinejar]

“Queremos a sua solidão robusta,
uma solidão para todos os lados,
uma ausência humana que se opõe ao mesquinho formigar do mundo,
e faz o tempo inteiriço, livre das lutas de cada dia”.

(Cecília Meireles, em Mar Absoluto)

Ah… que delícia de encontro em poesias… Quero um dia inteiro e me perder entre cada verso.

E numa segunda-feira estive no blog Uma Combinação Perfeita, espero vocês por lá. Leiam e comentem a vontade!!!! O link é esse aqui: Outono a flor da pele!