Série: Janelas

image As janelas da casa estavam fechadas, enquanto lá fora chovia recordações. As grossas e transparentes gotas de chuva enfeitavam os vidros que pareciam luzes de outono, era a paisagem que brindava saudades e trazia lembranças da janela de um sótão que do outro lado desenhava uma cidade inteira. Pensei em ti e em todas as suas ilusões rascunhadas em papéis que ficavam espalhados pela mesa e então, senti saudades de uma lua que enfeitou a sua janela, e do cão que não cansava de contemplá-la.

Novamente eu e as janelas… Essas que desenham para mim as nostalgias do tempo que se perde dentro do próprio tempo. Comecei a rascunhar uma série de poemas que falam sobre as janelas, e eles serão em homenagem a ti, Lu querida!

Durante cinco segundas-feiras seguidas as janelas se abrirão ou fecharão por aqui…

As janelas do seu sótão

 

Na ilusão dos meus versos
encontro um sótão, uma menina e suas janelas;
inventando escadas que surgem através delas,
num olhar que desenha tempestades de verão
e silêncios molhados num céu de nuvens fáceis.

Dos meus olhos: um mundo além das suas cortinas
desenhando paisagens através das suas janelas.
Do lado de dentro: uma menina,
uma luz sobre a escrivaninha,
algumas sombras e tantas histórias
sendo construídas num sótão de outono
pelas mãos de uma menina de olhos brilhantes.

Do seu sótão: você e suas janelas
carregadas de ilusões, sombras
e versos que conversam entre si,
tal qual personagens abraçando solidões.
Das suas janelas: portas para o infinito
e paisagens de um outono que compõe
os caminhos do meio…

No desenho dos meus versos
encontro jardins de saudades
que me leva a um sótão
cheio de janelas e ilusões…

(Suzana Martins – 17/04/2011)

“Por isso, quando me canso do mundo, das coisas humanas, eu fico em frente a janela a espiar as formas que são apenas minhas e eu sei que ninguém as entende e ponto final…”

(Lunna Guedes)