Só reverencio aquilo que arrepia a derme, que faz pulsar os poros e que evapora todos os aromas do sentir.
Tag: agosto
Caminho distraída, apenas contemplo a existência natural das coisas espalhadas. Observo um pássaro que voa livre de uma árvore para outra e ignoro a reclamação da senhora mal humorada que fala algo sobre a sujeira das árvores e a algazarra das maritacas.
No fim do papel é possível encontrar páginas inteiras de versos rasgados que ficaram pela metade no vocábulo inteiro de um voo imperfeito. Esqueceu até que para abrir as asas e encarar o vento não precisa tirar os pés do chão.
A rua enfeitada de outono, logo após a enxurrada, recita o verso nostálgico que um dia escrevi em esquinas paralelas. E, no silêncio das horas, a estação suspira esperança essas rasuras perfumadas que escorrem entre os meus beirais.
Teus beijos / a evaporar pela derme / desejos de nós. / Teu olhos, / a me hipnotizar, / a arrepiar vontades / sucessivas de ti em mim.
Lá fora o céu desenha todas as nostalgias de um domingo chuvoso. Aqui dentro embriago-me com os versos daquela que suspira outono. Uma letra na folha, outro verso a perfumar café e o vento a reinventar saudades.