Caminho distraída, apenas contemplo a existência natural das coisas espalhadas. Observo um pássaro que voa livre de uma árvore para outra e ignoro a reclamação da senhora mal humorada que fala algo sobre a sujeira das árvores e a algazarra das maritacas.
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No fim do papel é possível encontrar páginas inteiras de versos rasgados que ficaram pela metade no vocábulo inteiro de um voo imperfeito. Esqueceu até que para abrir as asas e encarar o vento não precisa tirar os pés do chão.
Amei a solidão / abandonada na areia, / esquecida no deserto / e repelida pelo céu. / Amei a dor / no exílio de / minhas profundezas.
Levarei dentro de mim / pedaços de versos, / nostalgias cinzentas / e algumas tempestades. / Num dia de luz nublada, / hei de partir / carregando apenas / fragmentos de mim...
Sangra. /rasga a derme /sufoca os poros /fere a alma. /Sangra. /artéria exposta / matéria morta / sentimento pungente / abalado pelo existir.
A rua enfeitada de outono, logo após a enxurrada, recita o verso nostálgico que um dia escrevi em esquinas paralelas. E, no silêncio das horas, a estação suspira esperança essas rasuras perfumadas que escorrem entre os meus beirais.