Estou perdida no emaranhado das minhas letras e no atravessar do verbo que habita a página.
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Gosto de atravessar a cidade e observar a solidão que perdura em meio ao caos urbano. A paisagem pós vendaval sempre desperta o melhor de mim. A cidade se enfeita. O chão parece um céu estrelado com folhas e flores a enfeitar os espaços. Há quem reclame do que fica depois de um vendaval. Eu apenas contemplo a beleza que aparecem "entre os sucessivos solavancos que projetam veias de anil",(*)
Há vestígios teus por todos os lugares que ando. Sinto-me inteiramente feliz por encontrar um pouco te ti em cada passo meu. As tuas marcas espalham-se pela casa e atravessam o meu quintal enfeitando todas as ruas do bairro-casa. Nuances poéticas a perambular pelas tuas letras entalhadas nos livros de poesia que tu escreveste. Observo-te no botão que desabrocha no inverno e nas nuvens que preenchem o céu azul quando estou o universo.
Não sei se amanhã estarei aqui. Não sei se minhas palavras chegarão a ti. Mas, num eco ritmado e em ânsias exageradas, subscrevo o que pulsa em mim.
Mágoas, / cicatrizes expostas. / O sangue a jorrar / pelos olhos, / alma, / boca, / poros...
As suas pegadas pelo jardim ainda ecoam no interior, nos limites de minha dor. Não mexa com minhas lágrimas, não enxugue os meus sorrisos, não aqueça meus braços. Mesmo que a sua imagem seja pintura fresca, não provoque mais estragos nas dores que ficaram perdidas no meio do caminho.