Toda vez que atravesso a cidade vivo a divagar pelos seus corredores e a observar destinos ilusórios...
Tag: fotografia autoral
Lembro da época que não tínhamos máquina fotográfica e o meu pai sempre chamava um retratista para fotografar momentos em família. Fotos na sala, eu e meu irmão brincando no quintal, minha mãe cozinhando, meu pai trabalhando... e por aí vai. Sábado era o dia oficial de tirar retratos, como dizia meu pai. O fotógrafo virou amigo da família!
Gosto de apreciar as nuances do dia quando os raios solares rasgam as nuvens em perfeita harmonia com o vento. Ou, quando em sua despedida, abraça o horizonte magistral exibindo cores que provocam arreios, versos e outras lembranças que preenchem o momento.
Fotografar detalhes perdidos é permitir que a frágil lente exista. É habitar entre o pulsar oculto de todas as palavras e o invisível registro do hoje. É permitir a leveza dos passos quando o olhar atravessa a paisagem esquecida pela poesia sensível dos retratos. É perder-se entre caminhos e vielas atrevidas que afloram todas as miudezas sensíveis.
O vento, a brisa, o azul, as cores e as temperaturas abstratas a absorver nuances minhas esquecidas nas areias da praia revelam a minha aparência concreta de existência e vontades.
Nunca aprendi a escrever retrospectivas. Sei apenas relembrar pretéritos em conversas regadas a café, chá, cerveja ou outros sorrisos... Nesses instantes tão intimistas o reviver histórias são emoções contadas muito além da palavra escrita.