Trechos de um diário
Hoje, abro as páginas do meu livro e leio trechos de um diário cheio de sentimentalidades…
Livro: Diário das Estações, pág. 19
Autora: Suzana Martins
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Ventos no litoral
Saia apressadamente de um lugar qualquer, sem saber que do lado de fora ventos corriam pelo litoral. Ventanias mais fortes do que aquelas tempestades internas que bagunçavam toda sua alma. Sempre preocupada com a sua aparência, irritou-se ao sentir que o vento que por ali corria brincava com os seus cabelos. Em uma das mãos carrega um copo que talvez, fosse de um desses chás gelados que se pode comprar em um supermercado qualquer. Mas isso não importava, pois os seus anseios e dúvidas não cabiam num copinho fútil de chá artificial.
E na sua pressa não percebia nada a sua volta, pensava apenas em si e nas suas preocupações semanais… Nada mais importava! Até os pequenos e rotineiros movimentos não eram mais sentidos. Estava ocupada demais para apreciar esses pequenos detalhes que passeavam bem diante dos seus olhos.
Então, por um momento deixou-se levar pelo vento, ouviu as suas tempestades internas, sentindo a brisa tocar a sua pele de uma maneira especial e diferente… Deixou ser levada por ela afogando a sua pressa num mar revolto.
Não se importou mais com a sua aparência: simplesmente deixou que o vento trouxesse até ela aquela moleca descabelada que existiu em algum lugar de seu corpo e agora estava lá novamente, fazendo tempestade. Uma menina de sorriso fácil, que olhou para o horizonte e embriagou-se com um gole de felicidade. Quem sabe era alegria que existia ali naquele copo que carregava em suas mãos. Nunca estivera tão à vontade, tão cheia de sonhos.
Sentou-se num velho banco de frente ao mar e ficou lá: entre ventos, versos, chuva, prosa, emoções e poesias…
Sentiu-se sozinha estando em meio a tanta gente. Culpa dela mesma que se isolava dos seus sentimentos… Mas não entristeceu com a sua solidão. Seus dias eram assim: uma monotonia desvairada que só modificava quando ela encontrava-se meio verso e prosa.
E num dia de pressa, ela parou ali em frente ao mar, observando as pessoas à sua volta, um sol se despedindo e uma inspiração palpitava versos. Um momento único. Era com se cada pedacinho daquele dia simbolizasse notas musicais… Um papel em formato de céu, cheio de nuvens e rabiscos. O mar, um pouquinho de tinta que desenhavam cotidianos diferentes dos seus…
Espetáculos sem grandes artistas. Apenas ela e seus fragmentos diários. Onde pessoas passavam de um lado para o outro, preocupados apenas com a tal aparência perfeita e esquecendo-se de olhar os simples detalhes… Ela se via naquela multidão, pois todos que por ali passavam, eram retratos seus.
Um momento duo, onde uma delas perambulava preocupada apenas consigo mesma. E a outra uma sonhadora, aspirante a escritora que contemplava o horizonte desenhado pelo vento…
Saiu sem pressa olhando o pôr-do-sol, sentindo o vento brincar com os seus cabelos. Em uma de suas mãos um copo repleto de novos sonhos, na outra, papéis e suas letras.
Então, sentindo o cheiro do chá que respingava nas folhas em forma de chuva, rascunhou alguns versos pintados em uma tarde sem pressa. Aqueles foram seus versos abstratos escrito no concreto de seus sentimentos…
Diário das Estações, 10 de Junho de 2009
Tatiana Kielberman
Su, querida…
Tive a estranha sensação de já ter perpassado meus olhos sobre estes versos seus… ah, os versos!
Como não se encantar tendo o "Diário das Estações" em mãos? Por coincidência, o trecho acima é um dos meus favoritos… por que será?
Coincidências não existem e, por mais que um copinho de chá pareça, num primeiro momento, um simples vício, ele pode se transformar em uma grande aventura!
Por que não provar?
Lindo, lindo, como tudo o que você constrói!
Um beijo, minha escritora… não pare nunca!
Valéria Sorohan
Não sei se lia um post ou se assitia a um filme. Tem momentos que me sinto assim, sou várias.
BeijooO*
Clara
Su, minha filhota querida,
Só quem já pegou esse diário nas mãos e se debruçou sobre ele pode ter idéia da perfeição de suas linhas!
Simplesmente maravilhoso!
Amo você!
Beijos baianos!
Cátia Aguiar
Ficou lindo Su, suave e cheio de brisa!
Me senti lá, bem lá…
parabéns!
beijos