Beda – um poema para a amar a solidão

Revisei o céu
recheado de estrelas,
aquele manto negro
com seus pingentes
de todos os tons.
Alguns vermelhos,
outros amarelos,
brancos ou transparentes.
Pequenos toques
de cores inebriantes
num negro céu
de madrugada.

Solitária,
no detalhe da rotação,
feito rasgo no tecido,
a lua minguante.
Ali, completamente eremita,
em sua retórica delicada,
abandona
a fluorescência
das cores,
reorganiza ciclos,
amores perdidos
e letras apagadas.

Revisei a luz
olhei para o alto,
toquei o céu
na sensibilidade
pulsante da frágil lua.
Examinei as cores,
costurei os rasgos,
alcancei naufrágios
expostos em meus poros.

Revisei o céu,
um manto negro
de sardas coloridas.
Observei a lua
a exibir suas
fendas solitárias
e a carregar
pequenas cores
outras dores
que se acumulam
na madrugada
vazia e silenciosa
da rua inquieta
e dos porões desertos
abandonados em mim.

Suzana Martins


Abril é o mês do BEDA e eu terei companhia nessa aventura diária:
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