Vacina no braço, comida no prato

O papel grita
a poesia fala
o povo suplica
o governo se cala!
Não responde
a quem tem fome.
Ignora, mata,
suja as mãos de sangue,
debocha, maltrata.

Assim, sem nada,
a pátria chora
implora.
De barriga vazia,
vai embora
morre, asfixia.

Genocida!
Fascista!
Ecoa o verbo
do poema ativista.

O papel grita
a poesia fala
o povo jamais se cala.

Governo genocida
que conta corpos
em cada esquina.
Chega!
O Brasil quer vacina.

O papel grita
a poesia fala
suplica,
chora,
ora,
implora
cheia de cansaço
por comida na mesa,
vacina no braço
e o genocida
fora do Palácio.

O papel grita
a poesia fala
o povo jamais se cala.

Suzana Martins

A arte Alissa Ohara para o movimento Comida de Resistência - Foto: O Globo
A arte Alissa Ohara para o movimento Comida de Resistência – Foto: O Globo