hachuras que pulsam em artérias abstratas de papel.
Poema
Na ponta do verso / escrevo teu silêncio. / Poemo. / Rabisco. / Rasuro teu corpo. / Recomponho-me / em teus desejos / secretos de mim.
Na ilusão de um grito velado, / mergulho em tua pele, / sentindo que o sem ti / é apenas um eco que pulsa / entre os ventos inquietos da colina.
Esperei o findar do dia / aliviar a página cansada / para gravar na derme / versos de uma ode infame
que sangra a alma. / Fiquei à espera do verbo / que atravessa o meu ser /
encaixar-se na fenda solitária da letra.
Condenaram aquela que tecia versos numa madrugada insone. Poeta. Esse foi o seu pecado: ser poeta!
A oração leve, / sem súplicas, / revela amizades e / versos mais que perfeitos, / aqueles que perfumam / pretéritos de outros mundos / e em reverência abraça / o presente do indicativo.