Estou perante de algo distante. Em frente ao vazio dos sentidos. Encontro-me diante do branco de uma tela vazia, rabiscando silêncio entre os barulhos dos carros que passam lá fora, porém ela ainda continua em branco. A tela precisa do silêncio das tintas e das cores que a ela pertence.

Pego o pincel e minhas mãos ainda hesitante teimam em distribuir cores versadas, e mesmo assim escrevo em aquarelas e inclino-me para começar a dar cor à tela. Entre as palavras em branco, às vezes, coloco algo de mim. Porém em telas, coloco alma em forma de cores. Em tela, há muito de mim.

Os versos abusam das cores e das rimas que cintilam algo que me faz recordar momentos… Em branco, ainda encontra-se o papel, pois minha alma corre entre as telas que aos poucos vai ganhando cores. Não consigo escrever os versos que ferem as cores desbotadas do papel. Minha tela precisa de cores necessita das rimas que o caderno não tem.

Não entendo! As palavras confundem-se em cores, em telas. Enquanto isso o que era branco já tem forma, já tem alma e cores conotativas misturadas no impressionismo da paisagem. Cores que sobrepõe aos verbos.

Inclino o pincel, e descubro cores de todas as formas, esfrego-o e encontro letras. Letras garrafais que desenham músicas e sonhos… Na tinta, encontro vida, mas não abro mão dos versos nem os deixo cair no chão…

Mudei minha concepção sobre cores e versos. Mudei o rumo dos pincéis que eram lápis. Eles não se prendem mais a algo meu, são almas soltas que versam e enfeitam… A tela está preenchida e nela está refletido o que sei fazer com as cores. Em tela versos e rimas que nunca estarão em branco!