Despi-me de toda aquela alegria infame e cheia de hipocrisia. Rasguei aquele sentimento tão puro e tão falso. Deixei que brotasse dos meus olhos aquela enxurrada de lágrimas que prometi serem as últimas. Foram tantos sentimentos misturados que me vi numa roda-gigante em movimento. Lá do alto observava momentos que estavam tão pertos de mim, mas quando chegava lá no chão eles se tornavam longínquos, era como estar numa roda-viva.

Os piões giram num quadrado circunflexo e o mundo dá voltas numa linha paralela distante de toda essa realidade. Mundo solitário feito de um redemoinho que devasta todas as minhas alegrias. São tempestades cravadas num peito que sangra longe e ninguém sente. As minhas solidões só eu entendo, o meu mundo é uma roda-viva indecifrável.

E essa roda-gigante sem parque de diversões, solitária em mundos distantes, sobe e desce sonhos inadiáveis que pedem tempo oval para serem realizados. Cheios de náuseas, eles são vomitados de baixo para cima e tentam entender os giros que são retangulares… “Rodamoinho, roda-gigante… o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração…”

Faço círculos para tentar entender o porquê dessas confusões que transformam as minhas solidões tão imperceptíveis. São círculos distantes, sem luzes, sem brilho que me deixam completamente tonta e sem forças para carregar a saudade e a distância existentes entre mundos que giram e nunca se encontram.

Texto postado na Casa do Escritor em 11/12/2008, e que mereceu ser re-postado aqui!